A condição intervalar se manifestou na poesia e na cultura brasileira dos anos 1970 de diversas maneiras, seja nas tensões imagísticas introduzidas no corpo dos textos, seja na resistência inicial ao mercado editorial e à indústria cultural, seja na linguagem coloquial, popular, rasgada e suja que assumiam como matéria e instrumento do fazer poético, seja ainda no próprio nome de “poesia marginal”. Sua margem não era exatamente “fora”, mas “entre”: no lugar da cicatriz e do corte, não estavam de um ou outro lado do que se cindia, mas no meio do próprio rasgo, que alguns, como Cacaso, tentavam alinhavar como podiam. É assim que as imagens poéticas entreteciam humor e angústia; o tempo da espera e da pressa, da ação e da passividade; o falar e o calar; o silêncio imposto, o escolhido e o necessário; as pulsões de vida e de morte; experiência individual e coletiva; medo e ousadia; crença e desconfiança no progresso nacional e no papel dos meios de comunicação de massa; desilusão e esperança nas relações humanas; interesse econômico e gratuidade estética; trauma e desrecalque de elementos culturais; esquecimento e memória. É de sua condição intervalar os textos curtos e entrecortados, a poética lacunar e a resistência límbica que produziram, bem como seu modo muito próprio de testemunhar a experiência histórica em curso, buscando expressar a perplexidade diante do que era ainda incomensurável para o mundo das palavras.
Peso: | 0,612 kg |
Número de páginas: | 416 |
Ano de edição: | 2017 |
ISBN 10: | 8584041249 |
ISBN 13: | 9788584041244 |
Altura: | 23 |
Largura: | 16 |
Edição: | 2 |
Idioma : | Português |
Tipo de produto : | Livro |
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