Sinopse

Muzenza vive no interior do Brasil, numa paisagem de caatinga, açudes e plantações de mandioca. Sua mãe é neta de escravos e seu pai, de índios Tapuia. É um menino esperto e curioso, que já aprendeu com seu avô a perceber as mudanças da natureza e que gosta de ouvir as histórias dos mais velhos. Acontece que, de repente, Muzenza parece aperreado. Encasquetado, preso a alguma cisma que faz sua cabeça andar longe. E nem lembra mais o guri peralta e falante: agora, vive calado. Filosofia de menino, a narrativa de Adriana Morgado com ilustrações de Miguel Carvalho, flagra um momento tão precioso quanto fugaz: o daquele vento que invade a infância, típico do crescimento. Ares do mundo que trazem, de longe, ideias e angústias em revoada. Fenômeno sem nomenclatura, indício de que a infância foi tingida pela inquietude daqueles que, atentos, pressentem as contradições e mistérios do mundo. Neste livro, feito para ser apreciado por leitores ainda muito jovens, esse vento é chamado de "filosofia". "Filosofia de menino". "Como os bebês se 'fornam'?", quer saber Muzenza. Como é a chuva que cai grossa no litoral? O menino nunca a viu, mas consegue imaginá-la — e até sentir seu cheiro. Da mesma forma que acredita que, do lado de dentro da barriga, tem um fogo que a gente não vê. Imagens forjadas por sua riqueza interior: “Riqueza incapaz de ser medida e que jamais alguém lhe poderia roubar”, como diz a história. Com rara sensibilidade, Adriana Morgado

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