Ao longo deste livro, a noção de limite, tão cara a Descartes – manifesta tanto no gesto de traçar, de uma vez por todas, as fronteiras do que pode ser clara e distintamente conhecido quanto nesse outro movimento, dependente do primeiro, mas não redutível a ele, de escolher o que pode ou não ser escrito publicamente –, é visada a partir do interior de seu próprio pensamento. Trata-se então de habitar essa terra de ninguém que é o próprio limite, espaço sem extensão que nos força a cambiar continuamente entre os domínios que ele divide, o pensável e o impensável, o dizível e o indizível. Permanecer no limite e fazer nele reverberar os signos que o compõem nos levará a explorar também esse outro signo, o ódio, entendido como um esquema afetivo de subjetivação. Que o ódio seja tomado não como uma causa psicológica que explica a relação de Descartes com a escrita, mas, antes, como sendo, ele mesmo, um signo, representado em seus escritos ao lado de outros, determina o método deste estudo, restrito à imanência do texto e comprometido com a recusa de qualquer abordagem referencialista ou causal. Nenhuma realidade para além ou aquém dos signos – a vida de Descartes, suas intenções ao escrever isto ou aquilo, o contexto social de sua produção ou a realidade descrita por suas teses filosóficas – será usada, ao longo destas páginas, como princípio heurístico. Paradoxalmente, porém, a decisão de permanecer “no interior” do pensamento de Descartes nos forçará a percorrer seus impasses e
Peso: | 0,3 kg |
Número de páginas: | 316 |
Ano de edição: | 2019 |
ISBN 10: | 6580103698 |
ISBN 13: | 9786580103690 |
Altura: | 23 |
Largura: | 16 |
Comprimento: | 2 |
Edição: | 1 |
Idioma : | Português |
Tipo de produto : | Livro |
Assuntos : | Filosofia |
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