João Simino evoca seus poetas como se evocasse as musas. Torquato, Vandré, Chico, Leminski. A eles anuncia uma espera pessoal. Pelo fim do dia ou das coisas. Pela morte do homem ou do planeta. Em sua descrença no futuro, até parece um poeta punk, niilista, escatológico. Um poeta a quem os poetas são tão necessários ao mundo quanto um banheiro a uma rodoviária. Simino se diz um“produtor de loucuras”. Afirma que a vergonha venceu a esperança. Mas não perde a chance de se comparar, num verso de resistência, a um pássaro desajustado que, perdendo algumas penas durante o voo, mergulha no ar para reavê-las. Luís Henrique Pellanda Atenção, leitor: se você tem sentimentos delicados, acredita na arte como uma forma de redenção, acha que a literatura pode salvar o mundo, não se aproxime deste livro. João Simino, neste volume de estreia, Entre a palma e crânio, passa longe desses bons sentimentos. Para ele, assim como para todos os bons poetas desde os idos de Baudelaire, a poesia tem mais a ver com o estranhamento, com o mal-estar, com a náusea e o enjoo: “O futuro / é apenas um furo / em nossos / olhos secos”, diz ele a certa altura. Com efeito, sua poesia, se não se furta ao diálogo com os grandes de ontem e de hoje (sobretudo os de hoje), se alimenta principalmente do cotidiano antilírico onde, fatigados de mais-valia, nos arrastamos. É deste chão árido, sob o inclemente sol da realidade, que brotam grande parte de seus versos. Se você, ansioso leitor, não teme se embrenhar no
Peso: | 0,1 kg |
Número de páginas: | 78 |
Ano de edição: | 2020 |
ISBN 10: | 6580103841 |
ISBN 13: | 9786580103843 |
Altura: | 21 |
Largura: | 15 |
Comprimento: | 1 |
Edição: | 1 |
Idioma : | Português |
Tipo de produto : | Livro |
Assuntos : | Poesia e Poemas |
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